Casa Lúmina | Quinta 40

CASA LÚMINA By Fernando Felippe Viégas

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- Arquiteto e Urbanista formado em 1994 pela Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo (FAU-USP), onde concluiu o mestrado em 2004.Professor de Projeto da Universidade Anhembi-Morumbi de 2004 a 2010.
Membro da diretoria da associação Escola da Cidade desde 2013. Coordenador do curso de Pós-Graduação lato sensu da Escola da Cidade – “Civilização América: Geografia, Cidade e Arquitetura”, desde 2010.
Professor de Projeto do Estúdio Vertical e orientador de Trabalhos Finais de Graduação (TFG) da Escola da Cidade desde 2005.
Professor convidado em Buenos Aires, Montevideo, Santiago, Assunção, Lisboa, Barcelona, Austin, La Plata, Quito, Lima, Delft. Proferiu palestras e participou de eventos em diversas cidades brasileiras

Entrevista com FERNANDO FELIPPE VIÉGAS - Una Arquitetos

1) Como nasce um projeto ideal para você?

Nasce da interpretação do lugar. Fundamental que haja confiança entre todos os envolvidos, pois é um longo trabalho coletivo. Para que seja pleno, é necessário não ter preconceitos, ou seja, a liberdade criativa deverá ser conquistada, testada, para que seja íntegra a cada decisão.

2) O que você sabia antes sobre o Espelho d’água e o que foi descobrir depois?

Já tínhamos ouvido falar da beleza das Serras Capixabas, mas os encantos de Domingos Martins são surpreendentes. Em especial, o Espelho d’água estabelece uma ocupação muito delicada onde o sistema viário, a infraestrutura e as áreas comuns preservam a maior qualidade do local, que são as matas, águas e montanhas.

3) O que o seu projeto tem de relação com a atmosfera do Espelho d’água?

A geografia da região estabelece parâmetros para o projeto. Vegetação, relevo e clima são condicionantes às quais a arquitetura reage e ampara os acontecimentos mais inesperados, como uma vista ampla, uma noite de frio, um temporal, ou o sol da tarde.

4) O que significa, para você, construir um projeto seu no Espelho d’água?

Espero que seja uma contribuição para a forma de ocupar e morar aberta, livre, sem ostentações, ou seja, que essa construção possa ser um discurso em favor de uma arquitetura precisa. Oportunidade de afirmar nossos valores culturais, uma tradição arquitetônica pautada pelo essencial.

5) Para quem você acredita que o seu projeto se destina? E por quê?

Quando projetamos, temos a consciência de que não conseguiremos imaginar tudo o que irá ocorrer, ainda bem, aí está a graça. A arquitetura tem que permitir que cada pessoa se sinta à vontade para usá-la como bem entender. Acreditamos que o perfil deva ser de gente alegre, com vontade de viver a vida, festejar, celebrar os dias com amigos, uma casa com crianças correndo por todos os lados, todos cozinhando juntos, sem frescura.

6) Fale mais sobre as inspirações do seu projeto.

Gostaríamos que a casa fosse muito luminosa e arejada durante o dia, e que se tornasse uma pequena lanterna na mata durante à noite, um lugar de proteção e aconchego ao friozinho.

7) Fale mais sobre os materiais, texturas, cores do seu projeto.

A principal característica dessa casa é a construção em madeira. A montagem da estrutura permite um canteiro limpo, que preserve as árvores e a beleza do lugar, além de grande velocidade de obra. As peças chegam numeradas e projetadas com os encaixes metálicos. São pilares, vigas e placas de madeira laminada, eucalipto colado com alta tecnologia, gerando grande resistência apesar da leveza. Único material de construção renovável, a escolha da madeira reforça nosso compromisso de respeito ao meio ambiente, além de se integrar à paisagem, uma casa na árvore.

 8) Quais sentimentos/sensações você quer transmitir com o seu projeto?

Liberdade, respeito, racionalidade, engenhosidade, comodidade.

 9) Que momentos você priorizou no seu projeto para que os moradores pudessem viver?

Os momentos festivos, de encontro entre amigos e moradores da casa. O fogo tem papel central nessas atividades, seja cozinhando na cozinha aberta, no fogão a lenha, ou nos fornos na varanda. A lareira também oferece o aconchego às noites frias, onde todos possam se juntar e ouvir os barulhos da mata, ou apenas ficar ao redor do calor. Acreditamos que serão possíveis, também, usos simultâneos: varandas, salas, pequena piscina, sala reservada no andar dos quartos. Os quartos terão uma vista mais próxima da copa das árvores, enquanto a sala, acima, poderá desfrutar da vista ao longe. A casa servirá de abrigo para os passeios externos, observação de pássaros e orquídeas da região.

10) Se pudesse definir o seu projeto em um conceito, qual seria?

Casa Lúmina, arquitetura brasileira contemporânea integrada à paisagem